E se o recreio também for um espaço de aprendizagem?

Nos passados dias 20 e 21 de novembro os alunos da Escola Básica e Secundária de Vila Cova tiveram a oportunidade de participar numa atividade formativa, inicialmente num modelo de palestra, mas que, numa segunda fase, assumiu uma dinâmica mais interventiva e reflexiva. Mas, afinal, qual era o tema?

O objetivo passou pela sensibilização dos alunos para o projeto “Recreio é Natureza”, que se alicerça numa vasta rede de pressupostos de onde se destacam as soluções baseadas na Natureza, a importância do brincar e a promoção da economia circular e sustentável, por exemplo. A ideia subjacente é que toda a comunidade educativa possa ser cocriador na idealização de um espaço- tempo escolar diferente: mais verde, mais natural, mais sustentável e seguro relativamente à exposição às alterações climáticas, mais aprazível, mas que permita também aprendizagens fora das paredes da sala de aula, que se esperam mais significativas e duradouras.

Esta ideologia, crescente na europa e em Portugal, não se limita apenas e só ao espaço, mas também ao modo de gestão do tempo pessoal e comunitário. Desta forma, além de ser objetivo a implantação de mais paredes verdes, em que sobre os materiais de construção possam ser colocadas estruturas para trepadeiras, ou criação de sombras através das copas das árvores, pensasse também numa dinâmica social em que o tempo e as competências pessoais possam ser usados como moeda comunitária. Seria uma espécie de “banco do tempo” em que, numa comunidade se obtinham proveitos de acordo com créditos de tempo obtidos pelo trabalho que realizaram a favor da comunidade.

Numa escola isso poderia ser exemplificado como uma situação-tipo: os alunos mais velhos, com competências na área das ciências e matemática, poderiam ser orientadores/tutores de alunos mais novos, com dificuldades nessa área. Claro que, o inverso teria de se verificar e haver uma compensação que fosse vantajosa para os mais velhos e que não passasse por uma compensação monetária! Estes pressupostos não são mais do que a aplicação de conceitos de solidariedade e promoção da coesão social.

Numa segunda fase, a tal mais dinâmica, houve oportunidade de aplicar alguns dos pressupostos à “prática” uma vez que fomos desafiadas para um jogo de tabuleiro, idealizado a partir no famoso monopólio mas, naturalmente, adaptado aos valores do projeto: o dinheiro deu lugar a recursos, tempo ou trabalho; as ruas, hotéis, etc. foram substituídos por locais com mais ou menos necessidade de requalificação sendo o vencedor aquele que conseguisse completar primeiro espaços sustentáveis, projetados a partir de soluções baseadas na natureza, e desde que tivessem tudo o necessário (materiais, quantidade de trabalho , recursos, energia, etc.).

Este momento não ocorreu por acaso! Acreditamos que a sua idealização teve a ver com outro dos conceitos centrais deste projeto – BRINCAR. Sim, brincar e aprender brincando! Neste caso, sensibilizando os participantes e co-construtores dos projetos de requalificação dos recreios da escola para as etapas daquilo que deve ser o trabalho de projeto, caracterizado pela necessidade de gestão de diversas situações, entre elas as necessidades identificadas, o tempo, os procedimentos e os custos, por exemplo.

No global, pretendeu promover a conscientização ecológica e o desenvolvimento de competências sociais, participativas, colaborativas e de tomada de decisão, que são absolutamente fundamentais para que sejam membros ativos e contributivos no desafio final, o de apresentar propostas de melhoria dos recreios da escola, que reflitam as suas necessidades, desejos, etc., mas sempre fundamentados em soluções baseadas na natureza. A escola apresentará três projetos que serão votados, a nível do orçamento participativo, sendo que um deles, daqui a um ano estará ao virar da esquina”, no recreio da na nossa escola, o que será excelente!
Ficamos todos mais entusiasmados e estaremos cá para dar conta da evolução do projeto, além de assistir à sua concretização!