A transformação da EBS de Vila Cova, contada por nós!
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Chegados que estamos à ao culminar do projeto Recreio é Natureza, pretendemos que este nosso (último) artigo assuma um tônica de retrospetiva sem deixar de levantar o véu e criar expectativas!
Este projeto não é só sobre ter mais verde na escola; é sobre transformar os nossos espaços, tornando-os mais amigos do ambiente, mais preparados para as mudanças do clima e, o mais importante, criados por todos nós – alunos, professores, funcionários e pais, toda a comunidade educativa.
A ideia é usar a própria natureza para minimizar ou combater os problemas ambientais e/ou decorrentes das alterações climáticas, ao que chamamos SbN – Soluções Baseadas na Natureza.
Como reporteres que acompanham o projeto desde o inicio, ficámos orgulhosas que o Município de Barcelos tenha agregado a nossa escola outras escolas ou instituições que contribuirão para um futuro mais verde e sustentável, não só a nível local, mas também Europeu. Acreditamos que a escolha terá decorrido do facto de apesar de integrar uma zona rural, com campos e florestas à volta, muitos dos nossos espaços verdes estarem esquecidos e/ou subaproveitados.

O projeto surge como uma oportunidade de mudança, com vista à restruturação dos espaços externos tornando-os ambientes mais saudáveis, divertidos, educativos e que suportem melhor os problemas ambientais da atualidade, como as alterações climáticas que potenciam incêndios, inundações, cheias, etc., além de reduzirem a qualidade do ar. E a nossa escola, por estar numa zona rural de vertentes, está mais exposta ao risco de incêndios e inundação.
O alavancar do projeto começou precisamente por analisar o meio, os riscos e refletir sobre aquelas que poderiam ser as melhores soluções de mitigação desses riscos. O objetivo é claro: ter mais verde, aumentar a biodiversidade e a resiliência do ecossistema local, melhorar o nosso bem-estar sem esquecer de integrar nas SbN a vertente lúdico-pedagógica.
Tudo começou com a sensibilização, mas aulas de Cidadania ou, no nosso caso, alunas do secundário, pela DT e outros professores que se envolveram, onde, inicialmente, somos chamadas a refletir o que são SbN e porque deveriam ser elas um dos elementos centrais do nosso percurso.

Falámos sobre alterações climáticas e analisamos o em que medida a nossa escola estaria vulnerável, assim como identificamos os pontos sensíveis dos nossos espaços exteriores. Participamos também num jogo educativo, subordinado ao tema das SbN, num workshop, o que tornou a aprendizagem muito mais divertida e nos fez também refletir da importância a co-colaboração e da solidariedade.
Antes de avançar para a proposta de um projeto, fomos explorar a escola! Queríamos perceber o que precisava de ser melhorada e em que tinha potencial.
Observámos, refletimos, falámos com colegas e tirámos fotos para perceber como os espaços eram usados e o que a comunidade escolar esperava deles. Mapeámos as áreas, como o “espaço inclinado”, zona de vertente nas imediações de um pavilhão, e o “espaço grande”, zona mais ampla que confronta com a mata, na zona norte da escola, de maneira compreender onde e como as SbN podiam ser aplicadas.
A nossa professora também nos ajudou a fazer uma análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças), o que nos deu uma visão muito clara. Feita essa análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças) passamos às sessões de trabalho em que nós, alunos, assumimos os comandos sem deixar de ouvir os professores.
Não deixamos também de ouvir os pares tendo sido auscultados outros alunos e até membros da comunidade educativa, o que precedeu a criação de esboços, maquetas e, em alguns casos, até modelação 3D e edição de vídeo para mostrar as nossas ideias.

Foi incrível, porque nos permitiu ver as nossas propostas de forma muito real e desenvolver competências digitais importantes! No caso da nossa turma, o projeto convergiu com os Laboratórios de Educação Digital e, por isso, beneficiamos não apenas dos do desenvolvimento de competências no âmbito da sustentabilidade, cocriação, mas também no que à transição digital diz respeito.
Depois das propostas definidas e prontas a apresentar discutimo-las, em plenário com elementos de outras turmas, também autoras de proposta, para escolher, através de votação online, entre alunos, as três a que mais agradaram e que foram analisadas por diversos especialistas e entidades. Após esse feedback, as propostas foram reajustadas com vista ao cumprimento de orçamento, condições de seguranças, etc., o que nos fez perceber que as nossas vontades não têm de ser impositivas e que, por vezes, é necessário refletir e ser flexível.
E depois… a “campanha eleitoral”, que foi aguerrida! Fizeram-se cartazes, panfletos e visitaram-se as salas de aula para explicar os projetos e a sua fundamentação. A votação foi
emocionante e muito participativa, uma vez aberta a toda a comunidade escolar (alunos de todos os ciclos, professores e funcionários).
Os resultados foram anunciados e foi com grande contentamento que percebemos que os projetos da nossa turma foram eleitos para os dois espaços a reabilitar, com mais de 300 votos. Foi coincidência sim, mas uma coincidência feliz e que acabou por reconhecer todo o esforço. Acreditamos que a modelação 3D pode ter sido determinante para esta vitória.

As propostas vencedoras pretendem: um “novo spot”, no espaço maior, que contará com mesas de trabalho, refeição e/ou convívio, redes de descanso à sombra, campo de jogos e mesmo um circuito de calistenia. Claro que uma cortina vegetal com espécies resistentes ao fogo não poderia deixar de estar presente; mas também um “escorrega de aventuras”, mais direcionado para alunos mais pequeninos, como os do primeiro ciclo que também frequentam a nossa escola. Isto porque percebemos que faltavam espaços para brincar, na escola, e nós quisemos resolver isso.
Este espaço deverá contar com estruturas que permitam brincadeiras de aventura, como uma ponte himalaia ou uma caixa de areia para pular e sujar; zona de
escalada, passagens secretas, quadros de xisto no muro para ser criativo, desenhar, brincar às escolinhas ou mesmo… usar numa aula ao ar livre.


Somos alunas do 11º ano, mas além de já termos sido crianças, acreditamos que agora somos também “especialistas em brincar” uma vez que nas sessões de trabalho fomos chamados a refletir sobre a importância do brincar, do risco e da natureza no desenvolvimento de competências pessoais essenciais: quando bem gerido, brincar permite avaliar o limite do risco o que nos ajuda a ser mais resilientes, autoconfiantes e a resolver problemas. Assim, percebemos o que faltava e propusemos coisas novas que vão além dos parques infantis normais e de vegetação!
Além disso, e porque as nossas orientadoras neste processo são docentes da área das ciências, entendemos que os espaços ao ar livre têm potencial como “laboratórios de aprendizagem”, especialmente para temas como ecologia, os ciclos biogeoquímicos, a biodiversidade e a geologia, por exemplo. A natureza é uma forma de despertar a nossa curiosidade e conhecimento, sendo a escola um “ecossistema de aprendizagem” onde os espaços exteriores são “salas de aula sem paredes”, e nós e os restantes alunos podemos assumir o papel de “cientistas/investigadores em campo”.
Este projeto mudou a forma como queremos que as crianças e adolescentes sejam vistas: não somos só quem usa os espaços, mas “agentes criativos que moldam e adaptam os espaços às suas necessidades”. Além disso, somos/fomos capazes de criar e transformar a escola, o que nos faz sentir “agentes de transformação”, valorizados e que não nos poderia deixar mais felizes e confiantes no futuro.
A comunidade escolar confiou em nós e nas nossas ideias e estamos expectantes por passar da modelagem 3D para a realidade e poder sermos utilizadores do espaço por nós e por todos idealizado.